19/04/2013

A Evolução Escrita No Zodíaco

por J.C.Hiriart Corda(*) 
No caminho aparente que o Sol percorre, chamado Eclíptica, há grupos de estrelas que compõem as 12 constelações zodiacais.
Os primitivos astrólogos místicos, quando dividiram essas estrelas em 12 grupos, obedeceram a profundas razões místicas, as quais se relacionam com o adiantamento físico e espiritual do homem.
Ao observar essas estrelas e notar o esboço que se faz para fixar a posição de cada uma delas, a maioria das pessoas pensa imediatamente que os antigos sábios o fizeram sem uma razão científica e apenas com o fim de recordar a posição de cada estrela componente de um grupo ou constelação; porém veremos que isto não é assim.
Os antigos podiam ter medido a posição por graus, como fizeram com o círculo, entretanto dividiram as estrelas em grupos e a cada grupo representaram por meio de um desenho, geralmente, de animal.
Há alguns milênios, quando o Sol fazia a cruz equinocial em Câncer, a água que havia na atmosfera caiu em forma de chuva para depositar-se nas profundezas da Terra, deixando a atmosfera clara que hoje temos, iniciando um novo período evolutivo na onda de vida sobre a Terra.
Essa queda das águas é conhecida na Bíblia com o nome de Dilúvio.
Assim também veremos que o grande relógio sideral marcou a hora desse e de outros acontecimentos, porque quando o ponto equinocial estava em Câncer, foi quando se produziu o Dilúvio, pois o signo simbólico de Capricórnio, que lhe é oposto, está representado por uma cabra com cauda de peixe, representando a passagem das formas físicas do elemento água, ao elemento ar; assim iremos vendo como o signo oposto à constelação em que ocorre o equinócio de primavera representa o adiantamento ou evolução da forma física e o ideal religioso que precisa atingir a humanidade dessa determinada época.
Mais tarde, quando o Sol cruzava o equinócio na constelação de Geminis, a humanidade deixou o estado animalizado em que se achava e começou a olhar para o alto e o homem se fez verdadeiramente humano; isto está representado por Sagitário, oposto a Geminis, metade inferior animal e a outra metade superior humana, representando ao mesmo tempo que nessa época começou a luta verdadeira entre a natureza superior e a inferior.
Mais tarde, ainda nessa época, o homem adquiriu a mente e isso lhe permitiu dirigir suas aspirações ao céu como representa simbolicamente o centauro apontando a fecha para as alturas.
Depois o Sol chegou a Taurus, época em que o vulgo adorava o Touro, como sucedia no Antigo Egito. Porém, se observarmos as gravuras daquela época, veremos que a classe sacerdotal usava na cabeça um diadema com uma serpente que simulava sair do ponto situado acima do nariz; isto indicava que eles eram possuidores da Sabedoria Mística, ideal incompreensível para a maioria do povo que adorava o Touro Sagrado. A Sabedoria Mística possuída pelo sacerdócio está representada pelo signo oposto a Taurus, Escórpio, representado no Zodíaco Místico, por uma serpente, que é o símbolo da Sabedoria, pois também se chamavam serpentes aos antigos iniciados das Escolas Místicas.
Também foi a serpente quem fez nossos pais pecarem, significando que por conhecer a existência do mundo externo das formas, a humanidade viu que podia atuar livremente, contrariando as leis do Supremo Jeová; assim, pois, a "serpente de sabedoria" nos fez pecar, porém por causa das distintas experiências pelas quais temos passado, conquistaremos a virtude, que é superior à inocência que antes possuíamos. A virtude é a prática do bem com conhecimento do mal, quer dizer, uma faculdade positiva; a inocência é a prática do bem sem conhecimento do mal, ou seja, uma faculdade negativa.
Porém o tempo passou e veio o sacrifício de cordeiros na Palestina, época em que o sacerdócio já havia, em sua grande maioria, perdido contato com a sabedoria mística, interna; isto eles demonstraram por sacrificar com as próprias mãos inocentes vítimas ante os altares. E comia-se o carneiro da Páscoa no tempo da celebração dessa festa, a qual representava a passagem do Mar Vermelho, que está entre o Egito e a Ásia, pelo povo de Israel, pois a Páscoa vem de pesha ou pesaj, que significa passagem, sendo no Cosmos a passagem do Sol pelo Equinócio.
Também a Páscoa hebraica é a lembrança de não ter o Anjo, no Egito, exterminado os filhos de Israel, por terem estes marcado com sangue de cordeiro as portas de suas casas, cujo significado cósmico, é que, nessa época longínqua, quando o Sol estava na constelação de Áries (Carneiro) perto do ponto em que se produzia o Equinócio, doirava com seus raios as portas das casas dos Israelitas, pois esses construíam suas vivendas com a frente para o leste, ou seja, de onde vem a "LUZ". Assim também se construíram os primitivos tempos cristãos e era por causa dessa posição que os primeiros raios do astro do dia dourava as moradas do povo de Israel, quando estava em Áries.
Tudo isto ocorreu quando o equinócio estava na constelação de Áries, vindo o Cristo ao mundo, também nessa época, sendo chamado o Cordeiro de Deus e sacrificado no tempo da Páscoa.
Cristo veio implantar a igualdade entre os homens, o que está representado por Libra (a Balança), símbolo de justiça. A estrela de Cristo, ou seja o corpo cósmico de Cristo, é o Sol e os raios do astro rei simbolizam o sangue que marcava as portas das casas dos israelitas no Egito, sendo esses mesmos raios, o sangue que derrama o Cristo cósmico ao morrer na cruz equinocial.
Assim também vemos que as festas da religião crista são ocorrências cósmicas e fatos reais da natureza, sem os quais a humanidade pereceria sem lograr um desenvolvimento verdadeiro.
Cristo Jesus, o Filho de Deus, veio ao mundo a fim de salvar-nos de um atraso evolutivo, quando o equinócio ocorria no sétimo grau de Áries, mais o menos; e foi chamado o "Cordeiro de Deus". Entretanto, ele chamava seus discípulos de pescadores de homens, o que simboliza que a religião por Ele fundada entraria em ação quando o equinócio ocorresse em Pisces (os Peixes), que é a época atual, comendo os fiéis, durante esse tempo, pescados nos dias de jejum e nos dias santos de guarda. Porém, o ideal religioso da época atual está no símbolo oposto a Pisces, que é Virgo, a Virgem Celestial, ideal que ainda tem que alcançar a humanidade de hoje, pois atualmente adoram uma forma completamente material, ao passo que o significado, como sabem os místicos, é puramente espiritual. Além disso, levantando-se o mapa do céu na noite de 24 para 25 de dezembro, à meia-noite, aparece no Oriente (no ascendente astrológico) o signo da Virgem (Virgo), e, na parte inferior, como nascendo, aparece o Sol que, como já se disse, é o corpo cósmico do Cristo.
Quando a cruz equatorial celeste se produzir na constelação de Aquário representada por um homem que derrama água no seu cântaro, o homem derramará toda a água viva de sua sabedoria, chegando a um adiantamento inesperado, produzido pelo contato direto de sua mente com os raios do Cristo Cósmico, quando caírem da nossa atmosfera atual os últimos resíduos de umidade que ainda existem, deixando-a, portanto, mais etérica e tornando o homem verdadeiro rei da criação, o que está simbolizado pelo signo oposto a Aquário, que é Léo (o Leão) que representa a nobreza.
Embora atualmente o Sol, não cruze o Equador celeste na constela­ção de Aquário, a humanidade já manifesta um grande desenvolvimento mental, notado desde o meado do século passado. Isto é devido a que, ao efetuar a cruz equinocial, a aura solar põe-se em contato com as vibrações da constelação de Aquário, o Equador celeste. Aquário está representado no novo Testamento pela casa do Aguadeiro, na qual os discípulos de Jesus passaram a Páscoa e onde o Mestre disse que não beberia mais do sumo da vide, significando que na época de Aquário, a idade futura, o homem não beberá mais álcool.
O conhecimento que adquirirá a humanidade nessa época permitirá ao homem saber que deve aprender a Lei de Deus no grande livro da natureza e refletir na Terra, como fazem os astros no firmamento, a Vontade de nosso Pai que está nos céus, sendo assim brilhantes guias para seus irmãos menores, os seres dos demais reinos da natureza.
Hoje vivemos assombrados pelos grandes inventos do homem; a aviação é uma realidade, mas Júlio Verne foi tido por visionário. O rádio é outro invento que parecia impossível aos nossos avós, a televisão é outra realidade, porém todos esses inventos nada são, comparados com as descobertas da futura época de Aquário, quando as vibrações etéricas despertarem a intuição em grau elevado. Na época de Aquário, este poder interno permitirá ao homem desdobrar suas idéias até o infinito e a grande quantidade de conhecimentos acumulados no trans­curso dos séculos, permitirá, ao mesmo tempo, converter em realidade as visões internas.
Faltam mais ou menos setecentos anos para que o Sol entre por precessão na influência direta de Aquário. Se hoje pudéssemos tirar do túmulo um homem depois de haver passado um ou dois séculos sem observar o progresso do mundo, esse homem ficaria estupefato diante do avanço da ciência; a eletricidade seria para ele coisa do demônio e a mesma idéia teria ele de outros grandes inventos que não nos chamam a atenção.
O mesmo se daria conosco, se dentro de um século pudéssemos ver o adiantamento da humanidade. Na época de Aquário não haverá mais guerras, porque o desenvolvimento espiritual do homem permitirá sentir em seu coração as grandes verdades ensinadas pelo grande Jesus de Nazaré, hoje tão pouco conhecidas.
A Astrologia e a Filosofia Rosacruz ensinam que novas forças, ainda mais surpreendentes do que a eletricidade, serão descobertas, porém serão sem as maléficas aplicações a que o homem atualmente as destinam. Verdadeiramente falando, o homem atual é como um garoto que lida com instrumentos perigosos, empregando certos inventos para destruir seus semelhantes.
Na época de Aquário, uma humanidade mais nobre e melhor povoará a Terra e os grandes inventos serão usados para o bem comum de todos e então será uma realidade o que disse Jesus "As obras que eu faço vós também as fareis": Os sonhos dos místicos serão uma realidade para a humanidade do futuro, quando compreender essa palavra de Cristo em seu coração.
publicado na revista Serviço Rosacruz, fevereiro, 1972


 
(*) Hiriart Corda:  contemporâneo de Augusta F.Heindel foi um dos primeiros membros da The Rosicrucian Fellowship a divulgar a Filosofia Rosacruz no Uruguai. Por sugestão da Sra. Augusta escreveu o livro: "Los Astros e Los Mistérios de La Vida"