10/03/2019

ASTROLOGIA E PODER

extraído de PODER ESPIRITUAL VERSUS PODER TEMPORAL por Eduardo Aroso. 
Baixe aqui o PDF  da obra completa

Parece ser interessante olharmos também o assunto na vertente astrológica. A irradiação do poder de um centro para a periferia, de um ser para benefício de outros (pois exercer o poder é sempre a oportunidade para expansão de consciência de quem o exerce) está nos signos opostos (melhor será dizer complementares) Leão e Aquário. O primeiro, atribuído tradicionalmente à realeza, significa o poder concentrado, daí o egoísmo ou o despotismo que pode provocar quando se responde negativa e maioritariamente à natureza leonina. O signo complementar, Aquário, significa a partilha do poder com outros e para outros, característico das democracias, um repto ao altruísmo de Urano e à seriedade de Saturno regentes deste signo. 

Mas a situação uraniana e aquariana de poder pode ser difusa, excêntrica e mesmo caótica (Urano seu regente, no pior), perdida a consciência central solar, daí Aquário ser regido também por Saturno, o estruturador com realismo. Quando o lado pior de Aquário surge, requer-se uma âncora e voltamos a Leão, à consciência de que há um centro, seja apenas (e já bastante) o empenho do governante para com o povo, seja por aquele que governa já com a consciência espiritual ancorada num centro mais amplo, solar, ou divino. Pode ser um mestre, um avatar. Esta oscilação do sentido de poder verificou-se com nitidez há pouco mais de dois séculos quando se passou bruscamente do «L’ État c’est moi» (Luis XIV) a «Liberté, Égalité, Fraternité», ou seja, simbolicamente, de Leão para Aquário, ou melhor, do lado negativo do Sol (autocrático) para a liberdade de Urano, mas também para as excentricidades e libertinagens, tudo consequências do trânsito humano. Não foi por acaso que a descoberta do planeta Urano (1781) coincidiu, sensivelmente, com a Revolução Francesa (1789).

A oscilação e tentação destas duas tendências opostas de exercer o poder (monarquia/democracia) ilustra o significado do aspecto de oposição em astrologia, neste caso de Leão-Aquário. As forças de um e outro lado devem equilibrar-se, devem “beber” do melhor que há em cada lado. É importante meditarmos no seguinte: na próxima Era de Aquário o signo oposto está necessariamente incluído, pois que para que Aquário expresse o seu melhor, terá que ter também o amor irradiante de Leão.

Aproveitando o ensejo, pode-se ainda perguntar como podemos fazer uma leitura da potencialidade do poder de uma pessoa através do seu horóscopo. O assunto não é fácil, sobretudo quando se trata de indagar o poder espiritual mais do que qualquer outro. Contudo, há linhas de orientação que podem dar algumas pistas sendo necessário ter em conta como se reage às vibrações planetárias, se respondemos mais ou menos positivamente aos signos e planetas. A experiência astrológica tem demonstrado que um stellium (junção de 3 ou mais planetas) elevados, junto ao Meio-do-Céu, e estando também o ascendente num signo fixo (de preferência Leão) pode conferir capacidades de comando e visibilidade. Também Sagitário e o seu regente Júpiter (símbolos portadores de Luz).

Charles E. O. Carter na sua Enciclopédia de Astrologia Psicológica, refere-se - e em resumo - aos poderes criativos como resultantes do raio solar e da 5ª casa e o signo que está na sua cúspide; quanto aos poderes curativos, diz que os indicadores são de natureza variada, mas normalmente as pessoas têm os ascendentes em signos fixo se Mercúrio em aspecto forte com Urano e Neptuno; quanto aos poderes mágicos (querendo dizer os de clarividência, proféticos e outros) dá as ligações de Marte com Neptuno como frequente e a 6ª e 12ª casas que são as do cerimonial, mas aponta como forte alguma ligação que implique Vénus, Marte, Lua e Plutão. Em suma, podemos dizer que aspectos que envolvam planetas transpessoais (Urano, Neptuno e Plutão) em ligações com outros podem ser indicadores de poderes espirituais latentes ou já manifestos.

Que sentido espiritual faz toda esta ideia de exercer o chamado «estado de excepção»? É evidente que esta situação não usual de exercer o poder coloca logo o livre-arbítrio ou o aspecto mais profundo da vontade. Quem tem que decidir assim, estando temporariamente acima, não obedece a regras jurídicas por deficiência destas, mas apenas à consciência de soberano e ao seu livre-arbítrio. Os mestres espirituais, no nosso caso os Irmãos Maiores da Rosacruz, quanto à sua relação com os discípulos, não parece que exerçam essa peculiar forma de poder, pois conhecem e vivem de acordo com as leis divinas que não são as leis humanas. Eles não obrigam ninguém, agindo apenas como conselheiros e amigos na hora certa. Se o fazem como «estado se excepção» será numa dimensão mais elevada, noutros assuntos que não nos dizem respeito, pois conforme disse Max Heindel, também eles cometem erros no seu labor, todavia muito acima do nosso viver, enganos que não podemos compreender. Em oitavas superiores, num plano ainda mais elevado, como é dito no Serviço Devocional, os Anjos do Destino estão acima de todos os erros que a humanidade possa cometer.