por Elman Bacher (*)
Júpiter, regente abstrato da nona casa é símbolo
astrológico do mestre. Como o desenho facilita a compreensão de assuntos
abstratos como este, sugerimos que o leitor faça quatro desenhos, para melhor
fixação deste tema e principalmente se quiser expô-lo aos demais.
O primeiro desenho será um círculo com casas
numeradas. Coloque o símbolo de sagitário na nona casa. A observação deste
desenho nos leva a considerar, como ponto de partida, no hemisfério superior do
horóscopo a expressão da consciência anímica, do esquema da vida, a nona casa,
que é a expressão transcendente de sua polaridade inferior: a terceira casa.
Falar da nona casa, apenas, sem nos enraizarmos no
exame da terceira, cujo regente é Mercúrio, que rege também o signo terceiro, Gêmini,
seria “permanecermos no ar”. Adicionemos, portanto, em nosso desenho, o signo
de Gêmini na terceira cúspide e coloquemos o símbolo de Mercúrio na terceira
casa. Com este acréscimo assinalamos no hemisfério inferior um ponto que enfoca
e aponta o oposto e correspondente, no hemisfério superior. Este desenho
simboliza um “caminho da evolução, significando um aspecto da “consciência de
separatividade” (3ª casa) que ascende para a paz da consciência anímica ou
impessoal” (9ª casa).
A primeira casa, como temos dito em artigos
anteriores é o “EU SOU”, representa conhecimento consciente da
individualização, do SER. A segunda casa tem sua expressão identificadora na
frase “EU TENHO”; é uma identificação emocional com a vida, por meio da
consciência de conexão de POSSE. A terceira casa é a “ciência da vida”, pelo
exercício da faculdade intelectual fria, nada emocional. Marte é o regente da
primiera casa e Venus o da segunda. São expressões emocionais. Mercúrio,
abstrato regente da terceira casa é, mesmo nos níveis da primitividade, a
primeira expressão de percepção consciente do impessoal e do não emocional.
Mercúrio representa nossa capacidade de “identificação racional”, não
“emocional”. Por sua atividade damos nomes às coisas, tanto concretas como
abstratas,. Mercúrio nos capacita, igualmente, na identificação das coisas, em
termos de mensuração, qualidade e função. Por ele nos identificamos com a Vida,
com suas coisas concretas, formas de utilização e de comunicação.
Deste ponto de vista, Mercúrio (regente da Terceira
Casa do primeiro quadrante ou quadrante da absorção do círculo) é o símbolo do
ato completo da aprendizagem. Mercúrio é, ainda, a faculdade transmitir fatos
de uma mentalidade para outra, no recebimento de instrução ou de informações. É
a linguagem expressa, pela voz, pelo gesto, pela visualização, pelos símbolos e
pela escrita. É o relacionamento universal de todos entre si, dentro das
atividades mentais diversas. É o símbolo de todos os estudantes e, como tal,
esotericamente, a essência do todo relacionamento fraternal (por isso é Gêmini
representado por dois seres humanos - gêmeos identificados). Não estamos levando
em consideração afinidades exteriores, paralelos com cada um, fraternalmente,
porque todos nós somos aprendizes nas experiências da vida.
Outras ponderações acerca deste desenho nos
evidenciarão que todo ensino tem suas raízes no aprendizado. Maior facilidade,
neste campo, depende de mantermos alerta o interesse e a faculdade de aprender.
As correntes em polaridade (na consciência), entre
o hemisfério inferior e o superior, devem ser mantidas em estímulo, para o
florescimento das capacidades da metade superior; Não é possível a nossa
separação de qualquer parte do horóscopo; mesmo que possamos despender vinte
horas de cada dia na profissão de ensinar, jamais deveremos negligenciar o
aprendizado e deixar que se depauperem as faculdades mercurianas de aquisição
de novos conhecimentos.
O ato de aprender é uma ignição de ciência dos
fatos e de identificações. Pode ser considerado como uma inalação. Aquele que
real e fortemente seja impulsionado a servir, pelo ensino, manterá viva a
terceira casa. Em outras palavras, não haverá negligência de nenhuma
oportunidade para aprender sempre, para atualizar-se, para superar-se
continuamente. Esse processo de “absorção”, de aprimoramento, é indispensável
para prevenir eventual obstrução, cristalização da habilidade de ensinar. Neste
ponto nos deparamos com uma lição de sinceridade e de humildade: “Mestre é o
que está sempre aprendendo”.
Se Mercúrio é símbolo de absorção mental, Júpiter –
vital, radiante, dinâmico – é a abstração da “exalação”, é a transmissão do
conhecimento intelectual amplificada e enriquecida pela maturidade da
enriquecida pela maturidade da compreensão espiritual e dos aspectos mais
profundos do conhecimento. Nessa conexão devemos adicionar outro fator ao nosso
desenho inicial: o signo de Virgo na cúspide da sexta casa para completar os
dois braços da cruz que, no hemisfério inferior estão regidos por Mercúrio.
Aqui o símbolo do irmão estudante é expresso numa
forma prolongada, para apresentar a “fraternidade dos trabalhadores”. O
Trabalho espiritualmente considerado mais como labor físico é o serviço que
cada um pode prestar como contribuição o melhoramento da vida de seus
semelhantes.
Virgo, como signo de Terra, exprime dependência
prática: “eu trabalho para sustentar minha vida física e daqueles a quem amo”.
Essa atitude em relação à tarefa de ensinar (eu
aprendo alguma coisa útil para poder ganhar dinheiro) é representada pela
quadratura entre Gêmini e Virgo, que ameaça o desenvolvimento da capacidade do
mestre, por que o mantem identificado com a consciência utilitária, que o levam
à prática que produzem sempre atritos. A redenção desse esquema de quadratura
deve ser realizada para que se possa atingir vivências superiores. Isto é revelada
pela posição da sexta casa, a última do hemisfério inferior, a transição, a
modulação para o hemisfério superior. A sexta casa sucede à quinta., que é a
casa do Poder-Amor. Quando a consciência de trabalho por dinheiro é transmutada
em criatividade por amor, e expressa SERVIÇO em prol do melhoramento da vida de
todos, obtemos a redenção da sexta casa. É quando Maria, o lado feminino dentro
de nós, inclina-se ante o EU Superior e diz: “Eis tua Serva, faça-se em mim
segundo a Vontade do Pai, para redenção da raça humana”.
Por meio de experiências de Serviço-Amor, ganhamos
compreensão de nosso objetivo como educadores, acrescentando vida aos livros,
que por si só como principais instrumentos de instrução, são como conchas
vazias. O verdadeiro Mestre é o que irradia essa compreensão, o que comunica nas
palavras o ALGO que torna claro um ensinamento.
Agora completemos nosso desenho, adicionando o
símbolo de Pisces na cúspide da décima segunda casa e em seu centro o símbolo
de Netuno. Formamos, assim, a cruz dos signos comuns.
Através do primeiro braço (Gêmini) temos Mercúrio,
simbolizando aquele que ensina (o professor). Sua exalação ou oposto é Júpiter,
como abstração da nona casa. Mercúrio também está presente em Virgo,
simbolizando aí a aplicação da experiência-serviço. A exalação da sexta casa é
Netuno (e também Júpiter, outra vez, como regentes da décima segunda casa
(reflexo imediato da sexta casa, forma de Consequência das causas geradas no
serviço).
Considerando mais concretamente o assunto,
apontemos alguns dos problemas que, cedo ou tarde, aparecem aos que sentem
impulso de ensinar. Se ensinar é exprimir sabedoria seu objetivo deve ser o de
iluminar. Ora, todo aquele que sente o impulso de iluminar e elevar os demais
deve aceitar, de princípio, o desafio dos estados de consciência tenebrosa
representados pela cristalização mental, pelo formalismo rígido de opiniões e
atitudes, pelos preconceitos, pela estagnação mental, pelo tradicionalismo, e
outros aspectos do hemisfério inferior, que, dentro de sí, como vozes do
passado e influência do ambiente, podem formar a base perigosa da indiferença
para com as necessidades impessoais ou espirituais dos estudantes. Tais provas
constituem um aspecto de experiência pela qual o mestre deve passar, a fim de
consolidar sua coragem, integridade e amor.
O impulso para desempenhar um serviço impessoal é
sempre, mais tarde ou mais cedo, reptado por fatores econômicos. Encontrar o equilíbrio entre servir desinteressadamente e ter os recursos suficientes para
viver, é uma prova das mais significativas na evolução de todo aquele que
espiritualmente aspira atingir um nível mais elevado de serviço. (Continuará)
(*) Sobre Elman Bacher (aqui)
traduzido de Estudos de
Astrologia, Elman Bacher pela Fraternidade Rosacruz
Sede Central do Brasil e
publicado na revista Serviço Rosacruz, janeiro, 1978
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