por Eduardo Aroso
Créditos da imagem no final do texto
(Modesta mas grata homenagem ao nosso irmão António de Macedo, do Centro
Rosacruz de Minde (Portugal), que recentemente passou aos planos invisíveis; pela
memória da sua presença e pelo legado que nos deixou) Eduardo Aroso
Muito
embora já se tenha relacionado Morte e Ressurreição com o signo aquoso de Escorpião,
nomeadamente no que se refere ao Gólgota, existe porventura uma ligação estreita
dos 3 signos do Elemento Água com o percurso de Cristo durante os simbólicos cerca
de 3 anos do seu percurso mais importante na Terra, tempo esse do qual os evangelhos
se ocupam, com excepção do seu nascimento e da apresentação no templo. Desde essa
altura até aos 30 anos pouco se sabe de Jesus. As escolas esotéricas dão uma vaga
informação de que, segundo uns, Jesus terá permanecido na Índia, enquanto outros
dizem que esteve no Egipto. Max Heindel conta-nos que o filho de José e Maria teve
acesso a conhecimentos ocultos e foi instruído por seres elevados que o ajudaram
a fazer um trabalho de revisão das suas vidas anteriores, tal era o apuro da sua
missão.
É
bem conhecido o episódio bíblico do Baptismo no rio Jordão, quando o ser Arcangélico Cristo tomou o veículo físico de Jesus, o mais puro e preparado
que havia na Terra. O que a seguir se expõe pode contribuir eventualmente para clarificar
também um pouco o sentido que, na astrologia, se atribui às chamadas “casas místicas»
do horóscopo: a 4ª, a 8ª e a 12ª, ou seja, as casas do elemento água, regidas respectivamente
por Caranguejo, Escorpião e Peixes. Para além do já referido baptismo, outro episódio
se pode referir sob Caranguejo, que é a Última Ceia. Caranguejo rege as águas e
especificamente as dos rios (as dos oceanos estão sob a influência de Peixes). Convém
lembrar que signos (e planetas) exercem a sua influência em vários níveis simultâneos (tal como a Vida
se influencia em simultâneo nos vários mundos). Assim, Caranguejo tanto abarca a
comida, os glutões, o metabolismo, as emoções e também o lugar silencioso e místico
da alma, conforme nos diz Corine Heline sobre o discípulo Nataniel em afinidade
com o citado signo: «Constitui o
exemplo mais acabado do místico límpido, isento de ardis, e incapaz de astuciosos enganos». Por isso, a Última Ceia,
o mais fraterno e divino ágape com seres humanos (apóstolos) e não humanos (Cristo
é da Onda de Vida Arcangélica) situa-se, em simultâneo, no plano puramente biológico
– sendo que até o alimento estava isento de álcool e carne – ao mesmo tempo que
congregava um elevado “metabolismo” espiritual. Assim, seja pelo Baptismo, seja
pela Última Ceia, ou por ambos, o signo cardinal de Caranguejo, à imagem de qualquer
um dos 4 signos cardinais que dão começo às estações do ano, inicia o caminho para
a culminância no Calvário.
Encontramos
o sentido de Escorpião que começa logo na própria Ceia com a “traição” aparente de Judas. O sentido oculto de Escorpião não é fácil de
descortinar, como não foi a própria
“traição” do apóstolo, que, na verdade, não o foi, conforme bem explicita o rosacruciano Edmundo Teixeira no seu «curso
de cristianismo esotérico». Transmutação,
perdão, aceitação / desapego (perda consciente de algo dando as boas-vindas
ao que chega, desconhecido e por vezes até temido) são, entre outras, palavras-chave
de Escorpião e do seu co-regente Plutão. Há o todo em nós que é maior que a parte
(a personalidade em cada renascimento). «Que seja feita a Tua vontade e não
a minha». O perdão vemo-lo de um modo superlativo e completamente abnegado nas palavras
de Cristo: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem». Mas, como não podia
deixar de ser, há o lado da vitória da energia mais sublime e elevada de Escorpião,
quando Cristo exclama na cruz: «Pai, porque me glorificaste?!». Max Heindel, como
só um clarividente voluntário (iniciado)
o pode fazer, trouxe uma verdadeira luz a este episódio que, segundo o Mensageiro
dos Irmãos Maiores da Rosacruz, resultou de uma tradução errada do aramaico, devido
a uma letra ou sílaba, e que veio a dar a infeliz expressão «Pai, porque me abandonaste?!»
e que tem martirizado tanto cristão devoto, uma atitude passiva, sempre com o beneplácito
da igreja Romana. Como poderia o Amado do Pai ser abandonado em tão difícil missão?
Dado
que os acontecimentos espirituais se podem sobrepor no tempo – há
quem
fale no mundo de hoje em fenómenos sincrónicos – como é
o caso da cerimónia do Lava-Pés, antecedendo
a Crucificação, existem cenas e sentidos nesta que são também da esfera de Peixes,
completando-se assim esta trilogia. Este signo, no simbolismo do horóscopo, rege
a 12ª casa, a última do Zodíaco. Uma das várias palavras-chave e sentidos que podemos
encontrar em Peixes é o da necessidade de
completar algo, fechar o ciclo, dado que só assim se passará ao Ascendente e
1ª casa (novo amanhecer). O Mestre disse: «Aquele que for lavado, precisará apenas
de lavar os pés para ser inteiramente puro». Eis a razão do sacrifício pisceano. É interessante observar
que o sacrifício em Peixes não é o sacrifício da lei de Saturno; é mais elevado:
generoso, sem limites (Júpiter) e tudo abarcando (Neptuno), por vezes não meditamos
bem que a regência da 12ª casa está a cargo não só do universal e espiritual Neptuno,
como também de Júpiter. A Igreja tem o que chama oblação que define muito bem esta entrega sacrificial. A expressão pisceana
que porventura define o fim do ministério de Cristo no plano físico é quando exclama:
«Tudo do está consumado». A filosofia rosacruz ensina que, apesar desta afirmação,
Cristo, embora liberto deste Calvário terrestre tem ainda a seu cargo o nosso planeta,
ou seja, liberto de um sacrifício supremo, conotado com a 12ª casa, entrou num novo
amanhecer ou Ascendente que, oxalá não seja tão penoso para o nosso Salvador, como
o foi há 2.000 anos.
Eduardo Aroso
Páscoa de 2018
Notas:
(1) Antonio de Macedo - biografia e artigos
(1) Eduardo Aroso : biografia e artigos
Créditos da Image: Batismo de Jesus por William Blake; Santa Ceia, autor desconhecido; O Lava-pés por Ford Maddox;; A Crucificação por Giotto.
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