31/03/2018

OS SIGNOS ASTROLÓGICOS DO ELEMENTO ÁGUA E O MINISTÉRIO DE CRISTO

por Eduardo Aroso 
Créditos da imagem no final do texto

 (Modesta mas grata homenagem ao nosso irmão António de Macedo, do Centro Rosacruz de Minde (Portugal), que recentemente passou aos planos invisíveis; pela memória da sua presença e pelo legado que nos deixou)            Eduardo Aroso

Muito embora já se tenha relacionado Morte e Ressurreição com o signo aquoso de Escorpião, nomeadamente no que se refere ao Gólgota, existe porventura uma ligação estreita dos 3 signos do Elemento Água com o percurso de Cristo durante os simbólicos cerca de 3 anos do seu percurso mais importante na Terra, tempo esse do qual os evangelhos se ocupam, com excepção do seu nascimento e da apresentação no templo. Desde essa altura até aos 30 anos pouco se sabe de Jesus. As escolas esotéricas dão uma vaga informação de que, segundo uns, Jesus terá permanecido na Índia, enquanto outros dizem que esteve no Egipto. Max Heindel conta-nos que o filho de José e Maria teve acesso a conhecimentos ocultos e foi instruído por seres elevados que o ajudaram a fazer um trabalho de revisão das suas vidas anteriores, tal era o apuro da sua missão.

É bem conhecido o episódio bíblico do Baptismo no rio Jordão, quando o ser Arcangélico Cristo tomou o veículo físico de Jesus, o mais puro e preparado que havia na Terra. O que a seguir se expõe pode contribuir eventualmente para clarificar também um pouco o sentido que, na astrologia, se atribui às chamadas “casas místicas» do horóscopo: a 4ª, a 8ª e a 12ª, ou seja, as casas do elemento água, regidas respectivamente por Caranguejo, Escorpião e Peixes. Para além do já referido baptismo, outro episódio se pode referir sob Caranguejo, que é a Última Ceia. Caranguejo rege as águas e especificamente as dos rios (as dos oceanos estão sob a influência de Peixes). Convém lembrar que signos (e planetas) exercem a sua influência em vários níveis simultâneos (tal como a Vida se influencia em simultâneo nos vários mundos). Assim, Caranguejo tanto abarca a comida, os glutões, o metabolismo, as emoções e também o lugar silencioso e místico da alma, conforme nos diz Corine Heline sobre o discípulo Nataniel em afinidade com o citado signo: «Constitui o exemplo mais acabado do místico límpido, isento de ardis, e incapaz de astuciosos enganos». Por isso, a Última Ceia, o mais fraterno e divino ágape com seres humanos (apóstolos) e não humanos (Cristo é da Onda de Vida Arcangélica) situa-se, em simultâneo, no plano puramente biológico – sendo que até o alimento estava isento de álcool e carne – ao mesmo tempo que congregava um elevado “metabolismo” espiritual. Assim, seja pelo Baptismo, seja pela Última Ceia, ou por ambos, o signo cardinal de Caranguejo, à imagem de qualquer um dos 4 signos cardinais que dão começo às estações do ano, inicia o caminho para a culminância no Calvário.

Encontramos o sentido de Escorpião que começa logo na própria Ceia com a “traição” aparente de Judas. O sentido oculto de Escorpião não é fácil de descortinar, como não foi a própria “traição” do apóstolo, que, na verdade, não o foi, conforme bem explicita o rosacruciano Edmundo Teixeira no seu «curso de cristianismo esotérico». Transmutação, perdão, aceitação / desapego (perda consciente de algo dando as boas-vindas ao que chega, desconhecido e por vezes até temido) são, entre outras, palavras-chave de Escorpião e do seu co-regente Plutão. Há o todo em nós que é maior que a parte (a personalidade em cada renascimento). «Que seja feita a Tua vontade e não a minha». O perdão vemo-lo de um modo superlativo e completamente abnegado nas palavras de Cristo: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem». Mas, como não podia deixar de ser, há o lado da vitória da energia mais sublime e elevada de Escorpião, quando Cristo exclama na cruz: «Pai, porque me glorificaste?!». Max Heindel, como só um clarividente  voluntário (iniciado) o pode fazer, trouxe uma verdadeira luz a este episódio que, segundo o Mensageiro dos Irmãos Maiores da Rosacruz, resultou de uma tradução errada do aramaico, devido a uma letra ou sílaba, e que veio a dar a infeliz expressão «Pai, porque me abandonaste?!» e que tem martirizado tanto cristão devoto, uma atitude passiva, sempre com o beneplácito da igreja Romana. Como poderia o Amado do Pai ser abandonado em tão difícil missão?

Dado que os acontecimentos espirituais se podem sobrepor no tempo – há
quem fale no mundo de hoje em fenómenos sincrónicos   como é o caso  da cerimónia do Lava-Pés, antecedendo a Crucificação, existem cenas e sentidos nesta que são também da esfera de Peixes, completando-se assim esta trilogia. Este signo, no simbolismo do horóscopo, rege a 12ª casa, a última do Zodíaco. Uma das várias palavras-chave e sentidos que podemos encontrar em Peixes é o da necessidade de completar algo, fechar o ciclo, dado que só assim se passará ao Ascendente e 1ª casa (novo amanhecer). O Mestre disse: «Aquele que for lavado, precisará apenas de lavar os pés para ser inteiramente puro». Eis a razão do sacrifício pisceano. É interessante observar que o sacrifício em Peixes não é o sacrifício da lei de Saturno; é mais elevado: generoso, sem limites (Júpiter) e tudo abarcando (Neptuno), por vezes não meditamos bem que a regência da 12ª casa está a cargo não só do universal e espiritual Neptuno, como também de Júpiter. A Igreja tem o que chama oblação que define muito bem esta entrega sacrificial. A expressão pisceana que porventura define o fim do ministério de Cristo no plano físico é quando exclama: «Tudo do está consumado». A filosofia rosacruz ensina que, apesar desta afirmação, Cristo, embora liberto deste Calvário terrestre tem ainda a seu cargo o nosso planeta, ou seja, liberto de um sacrifício supremo, conotado com a 12ª casa, entrou num novo amanhecer ou Ascendente que, oxalá não seja tão penoso para o nosso Salvador, como o foi há 2.000 anos.

Eduardo  Aroso
Páscoa de 2018
Notas:
(1) Antonio de Macedo - biografia e artigos
(1) Eduardo Aroso : biografia e artigos
Créditos da Image: Batismo de Jesus por William Blake; Santa Ceia, autor desconhecido; O Lava-pés por Ford Maddox;; A Crucificação por Giotto.

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