extraído de PODER ESPIRITUAL VERSUS PODER TEMPORAL por Eduardo Aroso.
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Parece ser interessante olharmos também o assunto
na vertente astrológica. A irradiação do poder de um centro para a periferia,
de um ser para benefício de outros (pois exercer o poder é sempre a
oportunidade para expansão de consciência de quem o exerce) está nos signos
opostos (melhor será dizer complementares) Leão e Aquário. O primeiro,
atribuído tradicionalmente à realeza, significa o poder concentrado, daí o
egoísmo ou o despotismo que pode provocar quando se responde negativa e
maioritariamente à natureza leonina. O signo complementar, Aquário, significa a
partilha do poder com outros e para outros, característico das democracias, um
repto ao altruísmo de Urano e à seriedade de Saturno regentes deste signo.
Mas a situação uraniana e aquariana de poder pode
ser difusa, excêntrica e mesmo caótica (Urano seu regente, no pior), perdida a
consciência central solar, daí Aquário ser regido também por Saturno, o
estruturador com realismo. Quando o lado pior de Aquário surge, requer-se uma
âncora e voltamos a Leão, à consciência de que há um centro, seja apenas (e já
bastante) o empenho do governante para com o povo, seja por aquele que governa
já com a consciência espiritual ancorada num centro mais amplo, solar, ou
divino. Pode ser um mestre, um avatar. Esta oscilação do sentido de poder
verificou-se com nitidez há pouco mais de dois séculos quando se passou
bruscamente do «L’ État c’est moi» (Luis XIV) a «Liberté, Égalité, Fraternité»,
ou seja, simbolicamente, de Leão para Aquário, ou melhor, do lado negativo do
Sol (autocrático) para a liberdade de Urano, mas também para as excentricidades
e libertinagens, tudo consequências do trânsito humano. Não foi por acaso que a
descoberta do planeta Urano (1781) coincidiu, sensivelmente, com a Revolução
Francesa (1789).
A oscilação e tentação destas duas tendências
opostas de exercer o poder (monarquia/democracia) ilustra o significado do
aspecto de oposição em astrologia, neste caso de Leão-Aquário. As forças de um
e outro lado devem equilibrar-se, devem “beber” do melhor que há em cada lado.
É importante meditarmos no seguinte: na próxima Era de Aquário o signo oposto
está necessariamente incluído, pois que para que Aquário expresse o seu melhor,
terá que ter também o amor irradiante de Leão.
Aproveitando o ensejo, pode-se ainda perguntar como
podemos fazer uma leitura da potencialidade do poder de uma pessoa através do
seu horóscopo. O assunto não é fácil, sobretudo quando se trata de indagar o
poder espiritual mais do que qualquer outro. Contudo, há linhas de orientação
que podem dar algumas pistas sendo necessário ter em conta como se reage às
vibrações planetárias, se respondemos mais ou menos positivamente aos signos e
planetas. A experiência astrológica tem demonstrado que um stellium (junção de
3 ou mais planetas) elevados, junto ao Meio-do-Céu, e estando também o
ascendente num signo fixo (de preferência Leão) pode conferir capacidades de
comando e visibilidade. Também Sagitário e o seu regente Júpiter (símbolos
portadores de Luz).
Charles E. O. Carter na sua Enciclopédia de
Astrologia Psicológica, refere-se - e em resumo - aos poderes criativos como
resultantes do raio solar e da 5ª casa e o signo que está na sua cúspide;
quanto aos poderes curativos, diz que os indicadores são de natureza variada,
mas normalmente as pessoas têm os ascendentes em signos fixo se Mercúrio em
aspecto forte com Urano e Neptuno; quanto aos poderes mágicos (querendo dizer
os de clarividência, proféticos e outros) dá as ligações de Marte com Neptuno
como frequente e a 6ª e 12ª casas que são as do cerimonial, mas aponta como
forte alguma ligação que implique Vénus, Marte, Lua e Plutão. Em suma, podemos
dizer que aspectos que envolvam planetas transpessoais (Urano, Neptuno e
Plutão) em ligações com outros podem ser indicadores de poderes espirituais
latentes ou já manifestos.
Que sentido espiritual faz toda esta ideia de
exercer o chamado «estado de excepção»? É evidente que esta situação não usual
de exercer o poder coloca logo o livre-arbítrio ou o aspecto mais profundo da
vontade. Quem tem que decidir assim, estando temporariamente acima, não obedece
a regras jurídicas por deficiência destas, mas apenas à consciência de soberano
e ao seu livre-arbítrio. Os mestres espirituais, no nosso caso os Irmãos
Maiores da Rosacruz, quanto à sua relação com os discípulos, não parece que
exerçam essa peculiar forma de poder, pois conhecem e vivem de acordo com as
leis divinas que não são as leis humanas. Eles não obrigam ninguém, agindo
apenas como conselheiros e amigos na hora certa. Se o fazem como «estado se
excepção» será numa dimensão mais elevada, noutros assuntos que não nos dizem
respeito, pois conforme disse Max Heindel, também eles cometem erros no seu
labor, todavia muito acima do nosso viver, enganos que não podemos compreender.
Em oitavas superiores, num plano ainda mais elevado, como é dito no Serviço
Devocional, os Anjos do Destino estão acima de todos os erros que a humanidade
possa cometer.