19/08/2018

Astrologia e Ensino (parte 2)


por Elman Bacher
Considerando ainda, o desenho em cruz, formado pelos signos comuns, vemos que os aspectos de oposição têm suas raízes no hemisfério inferior com Mercúrio em Gêmini e Mercúrio em Virgo. Um Mercúrio degenerado comprometido pela consciência de níveis inferiores de "praticabilidade", "conveniência pessoal", "fidelidade à letra" e "avaliação superficial" deve elevar-se às "copas", às ramagens dos extremos superiores, a fim de frutificar impessoalmente e desfazer destinos. A "praticabilidade", a "conveniência pessoal", a "fidelidade à letra", e "avaliação superficial" são frases-chave pertencentes àqueles níveis de consciência ainda carentes de impessoalidade.  É o caso de pessoas que na profissão de professor, exprimem Mercúrio irregenerado; que se apoiam no interesse próprio e atendem ao "que melhor paga", "ao cargo que mais prestígio proporciona" ao "que lhe dá mais erudição", ao que o leva "à mais breve aposentadoria", à "maior pensão", aos "ambientes agradáveis" e outras motivações semelhantes, acima de quaisquer outras de sua tarefa de educador. Tais motivações ocorrem a indivíduos que passam ainda por primitivos níveis de consciência educativa, que devem ser regenerados pelos padrões de SERVIÇO-AMOR. Até que este ponto não seja atingido, o verdadeiro professor não pode surgir. Isto se aplica aos expositores de nossa fraternidade.

Astrologicamente, tudo o que foi anteriormente dito neste artigo, pode ser assim expresso: "até que o interesse próprio não tenha transcendido o ciclo inicial Mercúrio-Gêmini não encontra seu cumprimento espiritualizante em Netuno-Piscis, através de Júpiter-Sagitário.

Uma vez que Júpiter, como símbolo do mestre, é encontrado no hemisfério superior do círculo, chegamos à conclusão de que os fatores íntimos, as determinantes altruístas egóicas, são as que, acima dos fatores externos, identificam e motivam o verdadeiro expositor. Os problemas que ele mais focaliza são os da alma. Ele sente veemente desejo de incutir-nos outros, de levá-los a transcender o que podemos designar "qualidades negativas de Júpiter", por exemplo: orgulho intelectual, que leva o professor a fixar-se em níveis egoístas, motivado pelo sentimento de sentir-se superior aos que ensina.

Todo aquele que sinceramente luta para superar essa tendência, encontrará ajuda na compreensão de que jamais poderá ele ser repositório de todo o conhecimento, de todos os aspectos do que particularmente ensina. Ao contrário, ele é como um irmão mais velho daqueles a quem ensina e somente na matéria que ensina. Deve reconhecer que apenas é um motivador, um que procura suscitar o desenvolvimento de seus pupilos, servindo de "ponto modulante", de transição dos níveis de inocência em que estão, para os níveis em que se encontra o expositor. Nunca deve olvidar os tropeços que ele próprio encontrou no caminho desse aprendizado, que é uma parte da experiência que comunica.

Em outras palavras, o professor deve manter, em relação à tarefa de ensinar, uma atitude fluídica, comunicativa, expansiva, dinâmica, amorosa, serviçal, buscando sempre melhorar e ampliar seus conhecimentos, numa constante renovação de experiências e aprimoramento, seu e de seus pupilos. Desse modo ele vive e expressa as palavras-chave de Júpiter regenerado, neutralizantes e preventivas da cristalização que lhe poderia provocar o orgulho.

Outra expressão de Júpiter irregenerado, de vaidade e mesquinhez, é o desejo de reconhecimento e de elogios. Nesse nível, o professor procura continuamente sobressair se entre os colegas para compensar a inveja que deles tenha. Recebe com prazer a adulação dos alunos e este logo se apercebem de seu ponto fraco, perdendo-lhe o respeito natural. Fala sempre de seu trabalho para assegurar-se da boa opinião dos outros. O centro desta falha reside no desejo de fazer figura, de levar muito em conta a opinião dos outros a seu respeito. Ora, tal ponto de vista leva em si mesma a semente de desintegração da faculdade educativa, de vez que, a preocupação de concentrar em si mesmo os méritos do trabalho, entrava, prejudica o fluxo de iluminação, de amor, que deveria ser vertido para fora e para os demais. O propósito da tarefa educativa não deve ser o autoengrandecimento senão a iluminação da consciência dos alunos. O professor que conserva sua integridade como trabalhador consciente e amoroso, é o que pode ser chamado “um mestre hígido e humilde”, porque respeita e ama seu trabalho, cultiva sua habilidade para que sua tarefa cresça em proficiência, é grato a todas as sugestões e acolhe-as de boa vontade, tirando-lhes o proveito que podem dar. Sua atitude para com seus colegas é de sincera apreciação ao trabalho incentivo aos esforços honestos e não o de competição, porque sabe que cada um, segundo sua idiossincrasia, tem seu modo de receber as coisas e uma contribuição original a fazer. Ajuda sempre que pode e está sempre disposto a aprender dos demais. Em outras palavras, ele utiliza a palavra-chave jupteriana: "melhoramento” e mantém, da mesma, a motivação espiritual e regenerada.

O verdadeiro mestre jamais exerce poder sobre seus pupilos nem lhes limita a justa liberdade. Em verdade os alunos são suscetíveis de influência por parte do professor, mas este deve estar alerta para essa grande responsabilidade, de modo que seu exemplo, seu modo de pensar, de agir, seus conceitos todos possam exprimir o melhor que ele tem e que ele desejaria a seus alunos. Se a motivação da atividade do professor é amorosa, ele encontra felicidade no progresso dos alunos. Com alegria acompanha o desabrochar das faculdades deles e seu emergir de um nível inferior a um nível superior de consciência. Seu. Impulso é sempre o de ajudá-los a crescer por dentro e de superar-se, e não o de sujeitá-los, limitá-los meramente a seus próprios conceitos. O resultado que ele pode obter, como mestre, é o de erguer seus pupilos da condição em que se encontram, de modo que possam superá-lo e se tornarem instrumentos de realização de um ainda mais construtivo trabalho futuro, como seus sucessores. Deve despertar-lhes a devoção pelo serviço a humanidade, de modo que pelo convívio cheguem a nutrir essa vivência comum e acender no altar interno os sírios de seus altruísticos propósitos

O símbolo do caminho do mestre, em sua mais sutil forma, espiritualizada, encontra- se no quarto quadrante da cruz de signos comuns: (10ª, 11ª e 12ª casas, Capricórnio, Aquário e Peixes), isto é, o roteiro que vai de Júpiter na nona casa, até Netuno na  décima segunda. Em esfera mais ampla, esse é também, o padrão de experiência do Irmão Maior - o iluminador de Almas, a radiação da Sabedoria, da Filosofia, das Artes; é o universal concentrado num trabalho redentor. Em tal campo de cultivo das faculdades intelectivas, o aluno deve ser compreendido pelo mestre e por este ajudado a transcender seus limites, alargando-os constantemente. O professor deve levar o aluno a identificar-se com seus princípios vitais, com seus valores espirituais e aspirações e não com seus desejos e ambições e o mais eficaz meio de consegui-lo é galvanizar-lhe o interesse por esse lado superior, através do contato com a iluminada inteligência e espiritualizada consciência que lhe revele como mestre ideal.

Mais um desenho: Áries na cúspide da primeira casa, Léo na cúspide da quinta casa Sagitário na cúspide da nona casa. Marte na primeira casa, Sol na quinta casa, Júpiter na nona casa. Temos aí a Trindade dos signos de fogo. Marte diz: "EU SOU" (manifestação do UM). O Sol diz: “EU SOU o poder radiante do amor”. Júpiter diz: "EU SOU a radiação da sabedoria".



Esse desenho triangular figura a consciência dinâmica, Júpiter, na qualidade de Mestre simboliza aqui a paternidade espiritual: o pai a guiar o desenvolvimento e a iluminação do conhecimento evoluinte de suas “crianças”. Em termos humanos, Júpiter é aqui visto representar as responsabilidades espirituais da paternidade, a responsabilidade de todos os pais no provimento espiritual e dos meios físicos daqueles que, por seu intermédio, reencarnaram.

Em níveis impessoais, Júpiter revela uma equivalente paternidade espiritual, de todos os mestres em relação a seus alunos, que, em níveis mentais ou na matéria particular que ensina são ainda como crianças. Os pais podem ser os mestres, mas todo verdadeiro mestre comunica a seus pupilos sua radiação de Poder-Amor, que torna mais completo o cumprimento de seu SERVIÇO-ENSINAMENTO porque funde o coração e a mente numa equilibrada formação.
Traduzido de Estudos de Astrologia, (O Astrólogo debate o Ensino), Elman Bacher pela
Fraternidade Rosacruz Sede Central do Brasil e publicado na revista Serviço Rosacruz, janeiro, 1978

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